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ARTRITE REUMATÓIDE
ARTRITE REUMATÓIDE

Artrite reumatóide, também conhecida como artrite degenerativaartrite anquilosantepoliartrite crônica evolutiva (PACE) ou artrite infecciosa crônica é uma doença auto-imune sistêmica, caracterizada pela inflamação das articulações (artrite), e que pode levar a incapacitação funcional dos pacientes acometidos. Além de danificar as articulações possui manifestações sistêmicas como: rigidez matinal por pelo menos uma hora,fadiga e perda de peso.1

Acredita-se que a origem da doença seja uma alteração do sistema imunológico, que passa a agir contra proteínas próprias do organismo e localizadas nas articulações (embora possa agir também em outros sítios do organismo).

A primeira descrição da doença foi feita em 1800 por Landré Beauvais.

Epidemiologia

A artrite reumatóide é uma doença que acomete mais os indivíduos do sexo feminino (de 3 a 5 vezes mais do que os do sexo masculino). E tem seu pico de incidência entre 40 e 70 anos. Afeta de 0,6% a 2% dos adultos representando entre 90% e 100% dentre as artrites.

Etiopatogenia

Existem várias hipóteses para seu surgimento (infecciosa, hereditária, endócrina, imunológica, psicogênica…) porém sua verdadeira origem permanece polêmica. Provavelmente existem fatores genéticos pois há um risco 6 vezes maior em parentes de primeiro grau e 30 vezes maior em gêmeos monozigóticos comparado com o resto da população (~1%). A hipótese infecciosa aponta o efeito cronificador que a rubéola, a hepatite B e arbovírus e a quantidade elevada de antígenos de Epstein-Barr nos portadores. Essa doença é resultado do auto-ataque das células imunológicasque entram nos tecidos, e no líquido sinovial causando um intenso processo inflamatório e produzindo enzimascitocinas e anticorpos.

Quadro clínico

Mãos acometidas por lesões da artrite reumatoide


Freqüentemente acomete inúmeras articulações tais como punhosmãoscotovelosombros, e pescoço; podendo levar à deformidades e limitações de movimento permanentes.

É geralmente simétrica e as articulações afetadas podem apresentar sinais inflamatórios intensos, tais como: edema, calor, rubor e dor, além de rigidez matinal. Os sintomas extra-articulares mais comuns são: anemia, cansaço extremo, perda de apetite, perda de peso, pericarditepleurite e nódulos subcutâneos.

Critérios diagnósticos

Para se fazer o diagnóstico de artrite reumatóide é necessário que estejam presentes quatro ou mais dos seguintes critérios.

*Rigidez matinal (dificuldade de movimentação ao acordar)com duração superior a uma hora por dia

*Artrite de três ou mais áreas, com sinais Artriteinflamatórios 

*Artrite das articulações das mãos ou punhos (Pelo menos 1 área com edema em punho, metacarpofalangeana ou interfalangeana distal)

*Artrite Simétrica - Envolvimento simultâneo bilateral (para as  e  proximais, não precisa haver simetria perfeita)

*Nódulos reumatóides

*Fator reumatóide sérico positivo

*Alterações radiográficas, tais como: erosões ou descalcificações articulares.

Para que os 4 primeiros critérios sejam válidos, é necessário que perdurem por, no mínimo, 6 semanas.

Factores relacionados a mau prognóstico

*Idade precoce de início

*Altos títulos do Fator reumatóide e anti-CCP

*Provas de função inflamatória elevadas persistentemente

*Artrite em mais de vinte articulações

*Comprometimento extra-articular: nódulos reumatóides, síndrome de Sjogren, episclerite, esclerite, doença pulmonar intersticial, pericardite, vasculite sistêmica

*Erosões detectáveis radiograficamente já nos dois primeiros anos de actividade da doença

Tratamento médico

Normalmente é instituído precocemente para impedir a progressão da doença evitando assim possíveis deformidades permanentes.

Os objetivos do tratamento geralmente são: prevenir lesões articulares, melhorar a qualidade de vida e diminuição da dor.

O tratamento medicamentoso baseia-se no uso de medicamentos para alívios dos sintomas e as drogas que modificam o curso da doença, as chamadas DARMDs. Com relação aos primeiros é possível citar os antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) e os corticóides, e no segundo caso: hidroxicloroquina, cloroquina, sulfasalazina, metotrexato, leflunomide, azatioprina, ciclosporina e outros.

O diagnóstico e a instituição de um tratamento precoce sob a orientação de profissionais capacitados permite que o paciente tenha uma vida normal e sem limitações na grande maioria dos casos.

Cirurgias podem ser feitas mesmo nos estágios iniciais da doença. Tem por objetivos principais alívio da dor e recuperação da funcionalidade.

Tratamento Fisioterapêutico

Diversos recursos da Fisioterapia podem ser utilizados como a termoterapia, a eletroterapia, a cinesioterapia (principalmente exercícios e alongamentos) A hidroterapia é um dos principais recursos utilizados, através de diversas modalidades como o Método Bad Ragaz, a balneoterapia e a talassoterapia. Terapias manuais aliviam a dor e proporcionam bem estar ao paciente. A indicação de órteses pelo fisioterapeuta é importante para manter a funcionalidade e alinhar corretamente as estruturas acometidas.

Tratamento Terapêutico Ocupacional

terapeuta ocupacional pode utilizar técnicas cinesioterápicas, associadas as atividades funcionais e intencionais (cinesioatividades) para melhorar a autonomia do paciente com artrite. Esse tratamento tem como objetivo a manutenção e/ou o aumento da mobilidade articular, aumento da força muscular e das habilidades funcionais para o desempenho de atividades da cotidianas, destacando a integração dos elementos: motor, cognitivo, psíquico, sensitivo e perceptivo. Proporcionando ações intencionais, reais e aprendidas, que favorecem a consciência e domínio corporal. Esse tratamento é baseado nas necessidades de cada indivíduo, o que diferencia a prática e conduta do profissional.

Terapeutas ocupacionais podem avaliar, prescrever e treinar o uso de órteses e adaptações, que podem ser de alta ou de baixa tecnologia dependendo da necessidade e de questões financeiras. O treino e uso de órteses tem como objetivo a manutenção ou melhoramento da condição funcional (autonomia no dia-a-dia), corrigir a postura, alinhar a estrutura comprometida, prevenir deformidades e diminuir a dor.

Referências

  1.  Manoel Barros Bértolo et all. (2004) Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatoide. TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 10 - Nº 1 - MARÇO DE 2009https://www.cerir.org.br/pdf/Consenso_Artrite.pdf